Categoria: Mundo

Como a tecnologia israelense ajuda a Ucrânia a salvar vidas em meio à guerra

Carbyne software (Foto Carbyne)

Em uma era de dispositivos inteligentes que têm a capacidade de compartilhar um local ou transmitir ao vivo de qualquer lugar do mundo em poucos segundos, todos nós às vezes nos sentimos frustrados ao encontrar provedores de serviços que ainda oferecem apenas serviços analógicos.

Fundador e CEO da Carbyne, Amir Elichai, há alguns anos foi pego precisamente em uma situação em que uma resposta eficiente e rápida era crucial, mas indisponível.

"Há alguns anos, passei por uma tentativa de assalto na praia de Tel Aviv. Foi a primeira vez na minha vida que chamei a polícia, o que acabou sendo uma experiência terrível", disse Elichai. "Eles não sabiam exatamente onde eu estava, quem eu era, o que estava acontecendo ao meu redor. É o século 21, e os serviços de emergência ainda estão operando dessa forma."

A falta de uma comunicação adequadafez com que explicar sua localização exata ou fornecer informações sobre seu paradeiro rapidamente fosse ainda mais difícil, causando um atraso no atendimento e impedindo-o de receber a assistência adequada.

Após esse incidente, Elichai decidiu criar a Carbyne, uma empresa baseada em nuvem que desenvolve ferramentas tecnológicas na área de serviços de emergência e segurança pública, com o objetivo de melhorar a forma como as pessoas se comunicam com prestadores de serviços de emergência em todo o mundo.

“Desenvolvemos ferramentas que permitem que serviços de emergência recebam vastas informações dos cidadãos – incluindo localização em tempo real, vídeos, fotos e textos – nos casos em que alguém não pode falar em voz alta, como incidentes de violência doméstica.”

A Carbyne foi fundada em 2015 e arrecadou mais de US$ 100 milhões em investimentos. Ela opera em três escritórios em todo o mundo, incluindo a sede em Nova York e um centro de desenvolvimento em Israel, e mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo têm acesso aos seus serviços. Presta serviços em 21 estados dos Estados Unidos, no México e trabalha com várias organizações em Israel.

No início da invasão russa da Ucrânia, a empresa começou a operar em nível nacional, com o objetivo de ajudar os civis que estavam sob ataque.

"Estávamos em contato com a polícia na Ucrânia muito antes do início da guerra", disse Elichai. "Tentamos tornar nossos sistemas acessíveis no país e realizamos vários pilotos. Quando a guerra estourou, escrevi para o assistente do vice-primeiro-ministro ucraniano e disse que ficaríamos felizes em ajudar durante a guerra gratuitamente. Eles ficamos muito felizes e rapidamente aceitaram a ideia", disse.

"A Ucrânia tem recursos e capacidades limitados. É também um país muito grande, o que às vezes torna difícil obter uma avaliação em tempo real da situação, então a capacidade que fornecemos a eles para descobrir para onde enviar tropas e como ajudar os civis se tornou fundamental", acrescentou Elichai.

A instalação dos sistemas Carbyne na Ucrânia aconteceu apenas uma semana após a invasão russa. "Fizemos cursos de instrução remotamente, com a ajuda de trabalhadores de nosso centro de desenvolvimento na Ucrânia. Então, duas semanas após o início da guerra, tudo estava funcionando e totalmente operacional. Estendemos nosso sistema para 22 locais em toda a Ucrânia e todas as informações sobre ataques de mísseis russos, prédios destruídos e os feridos vinham de civis na área para nosso centro de controle central em Kyiv."

Com todos esses dados, usando o software, poderia ser criada uma imagem situacional e um relatório diário de danos, feridos e entender como e onde alocar recursos. Desde que entrou em operação, milhões de ligações e denúncias passaram pelo sistema Carbyne.

"A maioria dos incidentes são relatos de ataques de mísseis atingindo prédios. Houve um incidente em que uma família ficou presa em um prédio danificado e teve que ser resgatada, mas era difícil determinar exatamente onde eles estavam. A capacidade das pessoas próximas ao prédio de transmitir um vídeo para as forças de resgate ajudou a descobrir em que andar eles estavam e extraí-los", disse Elichai.

Além da implementação inicial e treinamento sobre o uso da tecnologia, a empresa continua mantendo contato constante com as autoridades da Ucrânia. "Fazemos ligações a cada duas semanas, descobrimos o que mais eles precisam e achamos que o sistema pode ajudar muito mesmo depois da guerra. Quando as pessoas voltarem para suas casas e iniciarem o processo de recuperação. Relatórios de danos podem ajudar a descobrir como alocar os recursos para os reparos", explicou Elichai.

Além da atividade na Ucrânia, a empresa também obteve grande sucesso em outras partes do mundo. Nos Estados Unidos, o envio de localizações em tempo real resultou no resgate de uma menina de 13 anos que foi sequestrada e colocada em um porta-malas, enquanto o veículo estava em movimento. E na Índia, os paramédicos deram treinamento em vídeo para homens, cujas esposas deram à luz em casa por morarem longe do hospital ou por medo de ir até um, durante o surto de COVID-19.

Matéria retirada do portal Ynet.

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