Conflito Israel-Hamas: Resumo diário - Dia 3

(Imagem: Times of Israel)

Israel e o Hamas entram no terceiro dia de guerra declarada, após o devastador ataque surpresa que já contabiliza mais de 800 mortos, ao sul de Israel. Para uma melhor contextualização, siga nossas postagens diárias.

Após as primeiras medidas tomadas pelo governo, como a organização das frentes de guerra e a evacuação emergencial de áreas de risco, o terceiro dia foi cheio de novas medidas de retaliação.

Uma atitude pensada


Uma fonte próxima do Hamas disse à linha de notícias Reuters que a organização terrorista conduziu uma campanha de anos para enganar Israel, fazendo-o pensar que o grupo não desejava um conflito armado e poderia ser aplacado com incentivos econômicos para manter uma relativa calma.

“O Hamas deu a Israel a impressão de que não estava pronto para lutar”, disse a fonte à agência. “O Hamas usou uma tática de inteligência sem precedentes para enganar Israel nos últimos meses, dando a impressão pública de que não estava disposto a entrar em luta ou confronto com Israel enquanto se preparava para esta operação massiva.”

Ele diz que, como parte dos seus preparativos, a organização terrorista construiu uma falsa comunidade israelita para treinar. “Israel certamente os viu, mas estava convencido de que o Hamas não estava interessado em entrar num confronto”, diz ele.

O antigo conselheiro de segurança nacional Yaakov Amidror disse à Reuters que alguns países aliados do Estado judeu acreditaram na mentira, dizendo a Jerusalém que o Hamas estava a demonstrar “mais responsabilidade”.

“Estudadamente começamos a acreditar que era verdade”, diz ele. “Então, cometemos um erro. Não cometeremos este erro novamente e destruiremos o Hamas, lenta mas seguramente.”

Remando contra a maré


Enquanto várias pessoas tentam sair do país, sendo grande parte de turistas, o Aeroporto Ben Gurion foi tomado por uma atitude bela e incomum durante a madrugada.

Um voo completo da El Al (companhia aérea de Israel) vindo de Nova York pousou no Aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv às 4h da manhã de segunda-feira. Os passageiros do voo eram de todas as idades, mas um número desproporcional são jovens que regressam a Israel para servir no exército, quer como soldados recrutados, quer como reservistas.

O saguão de desembarque do aeroporto estava lotado de israelenses voltando para casa, enquanto o saguão de embarque e os portões – geralmente cheios de israelenses que partiam em voos para destinos europeus – estavam relativamente desertos.

As Ações Noturnas


Informações militares dizem que os aviões de Israel continuaram a atacar a Faixa de Gaza durante a noite, a fim de “devastar as capacidades do grupo terrorista Hamas”. Entre os alvos atingidos nas últimas horas estavam vários postos de comando: cerca de 500 alvos, incluindo oito salas de guerra do Hamas e da Jihad Islâmica Palestina, vários arranha-céus que abrigam ativos do Hamas, uma mesquita que abriga ativos do Hamas e três túneis na área de Beit Hanoun, no norte de Gaza.

O principal porta-voz das Forças de Defesa de Israel, contra-almirante Daniel Hagari, disse aos repórteres que ainda durante a madrugada existiam seis locais de combates ativos no sul de Israel, perto da fronteira com a Faixa de Gaza. Alguns dos terroristas já estavam em Israel desde o ataque preliminar de sábado, enquanto outros cruzaram a fronteira nos últimos dois dias, tentando controlar territórios e invadindo kibutzim. A invasões tem continuado durnte todo o dia, gerando conflitos em vários locais diferentes.

Aviso ou fake news?


Um responsável dos serviços secretos egípcios afirma que o Egipto, que muitas vezes serve de mediador entre Israel e o Hamas, falou repetidamente com os israelitas sobre “algo grande”, sem dar mais detalhes.

Ele diz que as autoridades israelenses estavam concentradas na Cisjordânia e minimizaram a ameaça de Gaza.

Durante o dia


o contra-almirante Daniel Hagari, disse durante a manhã que as tropas israelenses recuperaram o controle de todas as cidades na fronteira de Gaza. Ele diz que os incidentes de confrontos entre tropas e terroristas palestinos nas últimas horas foram “isolados”.

Ele diz que atualmente não há combates em nenhuma das cidades., mas “É possível que ainda existam terroristas na área”.

Novos ataques de drones se seguiram durante o dia, até mesmo algumas investidas para conter ataques vindos do Líbano, e também lançamento de foguetes de Gaza para Israel. Alertas de foguetes soam em vários locais de Israel, incluindo Tel Aviv, Jerusalém, região central de Shfela e cidades ao redor de Gaza.

Os residentes de Jerusalém relatam ter ouvido pelo menos uma interceptação na cidade, e também houve relatos de impactos numa área aberta em Tel Aviv, perto do aeroporto e na rodovia Jerusalém-Tel Aviv. O serviço de ambulância Magen David Adom afirmou que seus médicos estão examinando a área após relatos de impactos de foguetes no centro, mas não tem conhecimento de quaisquer feridos neste momento.

O Cerco


O ministro da Defesa, Yoav Gallant, ordenou um “cerco completo” à Faixa de Gaza: “Ordenei um cerco completo à Faixa de Gaza. Não haverá eletricidade, nem comida, nem combustível, tudo está fechado”, disse Gallant após uma avaliação no Comando Sul das FDI em Beersheba. “Estamos lutando contra animais humanos e agindo de acordo”, acrescenta.

Após isso, o grupo terrorista Hamas está ameaçando começar a executar reféns em resposta aos ataques israelenses em Gaza realizados sem avisos, disse o porta-voz das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam do Hamas, de acordo com o meio de comunicação Shehab de Gaza.

“A partir desta hora, qualquer ataque ao nosso povo na segurança das suas casas, sem aviso prévio, resultará na execução de reféns civis, que será transmitida com vídeo e áudio”, afirma o porta-voz, que atende pelo nome de guerra Abu Obeida.

No fim do dia, rumores de que uma incursão em terra por parte de Israel ficaram cada vez maiores, e é possível que Gaza seja invadida em breve.

Nas últimas horas do dia, os disparos de foguetes contra Israel a partir de Gaza foram completamente interrompidos, um raro alívio depois de quase três dias de disparos quase constantes de foguetes. Os ataques israelenses a Gaza continuaram por parte de Israel, segundo relatos.

A calmaria ocorre depois de um responsável do Hamas ter dito que o grupo estava aberto a conversações sobre um cessar-fogo, tendo “alcançado os seus objectivos”.


O discurso de Netanyahu


o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que Israel está numa guerra para garantir a sua existência e que as atrocidades cometidas pelo Hamas não são vistas desde os dias do ISIS ( Estado Islâmico).

“Estamos no terceiro dia de operação”, começa. “Estamos numa operação pela nossa casa, uma guerra para garantir a nossa existência, uma guerra que venceremos”, afirma.

“Esta guerra foi-nos imposta por um inimigo desprezível – por selvagens que celebram o assassinato de mulheres, crianças e idosos.”

“As atrocidades cometidas pelo Hamas não são vistas desde as atrocidades do ISIS. Crianças amarradas e executadas com o resto das suas famílias, meninas e meninos baleados nas costas, executados e outras atrocidades que não descreverei aqui.”

“Sempre soubemos o que é o Hamas. Agora o mundo inteiro sabe. O Hamas é o ISIS.”

“E derrotaremos [o Hamas] precisamente como o mundo esclarecido derrotou o ISIS.”

Concluindo a sua declaração, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nega que tenha havido qualquer aviso prévio do ataque maciço do Hamas por parte da inteligência egípcia, conforme relatado anteriormente. Ele exorta os israelenses a serem cautelosos com notícias falsas e a não “caírem nessas armadilhas de propaganda”.

“Sei que todos queremos resultados aqui e agora. Levará algum tempo”, diz ele, mas quando a guerra terminar, “todos os inimigos de Israel saberão que foi um erro terrível atacar Israel”. O que Israel terá feito a eles, diz ele, repercutirá neles “por gerações”.


Reações Internacionais


Os líderes dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Alemanha, da França e da Itália emitem uma declaração conjunta expressando o seu “apoio firme e unido ao Estado de Israel e a nossa condenação inequívoca do Hamas e dos seus terríveis actos de terrorismo”.

A ONU começou a evacuação de Gaza: “Mais de 123.538 pessoas foram deslocadas internamente em Gaza, principalmente devido ao medo, às preocupações com a protecção e à destruição das suas casas”, com mais de 73.000 abrigadas em escolas, afirma a agência humanitária da ONU, OCHA. Os canais de língua árabe das FDI compartilharam no domingo uma série de vídeos em plataformas de mídia social dando instruções aos residentes de Gaza sobre onde evacuar durante a resposta militar israelense ao ataque do Hamas.

Num discurso no sábado à noite, horas após o início da invasão, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse aos residentes de Gaza para “saírem agora”, alertando para um ataque iminente de Israel contra o Hamas.

Ao mesmo tempo, a UE pretende suspender os pagamentos de ajuda ao desenvolvimento aos palestinianos e está a colocar 691 milhões de euros (728 milhões de dólares) de apoio “sob revisão” após o ataque do Hamas a Israel, disse um comissário da UE, mas as medidas foram colocadas em espera devido a oposição de alguns países.

Vários países continuaram a repudiar os ataques, e os EUA expuseram seu compromisso total com Israel, enviando seus aparatos mais poderosos para a região. Até mesmo os países árabes vizinhos foram contra a escalada. O presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sissi, e o presidente dos Emirados, Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, concordaram sobre “a importância de… avançar nos esforços diplomáticos que visam diminuir a violência, proteger os civis e poupar sangue”, diz uma declaração do gabinete do presidente egípcio. Tais esforços devem incluir o estabelecimento de “uma paz abrangente, justa e permanente”, acrescenta.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que tem ascendência palestina, critica o Hamas após o seu ataque a Israel. “A melhor coisa que pode acontecer ao povo palestiniano é o desaparecimento total do Hamas. Essas feras selvagens não representam os palestinos”, afirma Bukele na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter. “Qualquer pessoa que apoie a causa palestina cometeria um grande erro ao se aliar a esses criminosos.”

Já o Ministro dos Negócios Estrangeiros libanês, Abdallah Bouhabib, diz que o seu governo recebeu garantias do Hezbollah de que não se juntará aos combates a menos que Israel “assedie” o Líbano. Ontem de manhã, o Hezbollah lançou morteiros contra instalações militares israelitas na fronteira com o Líbano, enquanto os combates continuavam no sul de Israel.

O Irão rejeita como infundadas as alegações de que teve um papel no ataque massivo a Israel pelo grupo islâmico palestino Hamas. “As acusações ligadas ao papel iraniano… baseiam-se em razões políticas”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Nasser Kanani, aos jornalistas.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, traça um paralelo entre a invasão do seu país pela Rússia e a incursão do grupo terrorista Hamas em Israel, dizendo que apenas “regras (e) direito internacional” podem garantir a paz em todo o mundo.

“O mesmo mal, e a única diferença é que existe uma organização terrorista que atacou Israel, e aqui está um estado terrorista que atacou a Ucrânia”, diz Zelensky num discurso em vídeo perante uma assembleia parlamentar da NATO em Copenhaga.

Enquanto vários governos manifestaram apoio a Israel, vários locais espalhados pelo mundo foram palco de encontros pró-palestina, elogiando os ataques brutais e vulgarizando os resultados da guerra.

Os preços do petróleo subiram mais de quatro por cento depois de o Hamas ter lançado o seu ataque massivo a Israel no fim de semana, suscitando preocupações sobre possíveis choques de abastecimento por parte da região rica em petróleo.

O Shekel, moeda de Israel, também caiu de valor se comparado ao dólar. Medidas já foram tomadas para tentar controlar a variação da moeda, mas é difícil prever como a situação econômica ficará com o passar dos dias.

Números do dia


O número de mortos no ataque do Hamas é agora superior a 900, segundo reportagem da mídia hebraica.

O ministério da saúde dirigido pelo grupo terrorista Hamas afirma que 687 palestinos foram mortos e outros 3.800 ficaram feridos na Faixa de Gaza desde o início dos combates no sábado.

Existem cerca de 1.500 corpos de terroristas palestinos em território israelense, informa o Canal 13, sem citar fonte.

As Forças de Defesa de Israel estimaram que matou centenas de homens armados do Hamas e da Jihad Islâmica Palestina que se infiltraram em Israel desde a manhã de sábado.

O Ministério da Saúde afirma que 2.741 israelenses foram tratados em hospitais desde o ataque de sábado do Hamas.

Existem atualmente 605 pessoas hospitalizadas, incluindo quatro pessoas em estado crítico, 155 com ferimentos graves, 187 em estado moderado e outras 259 feridas leves.


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